Lá Fora
Superman, Ultimates e The Walking Dead
SUPERMAN #680 / ACTION COMICS #870
Superman está toda hora passando por reformulações. Nada muito significativo, pois, afinal, o cara é um ícone e é procurado por leitores que querem ler um ícone, não outro daqueles heróis que muda de poderes, de uniforme, de personalidade, de casa e de bicho de estimação todo ano.
O que a DC tenta, de vez em quando, é estabelecer um novo status quo nas super-séries, com uma mexida nos coadjuvantes, uma definição mais clara de quem são os principais super-inimigos, uma linha a seguir nas histórias. E isso tudo, claro, depende dos criadores que você vai chamar para montar esse novo cenário.
Depois de todo oba-oba com a entrada de Richard Donner para co-escrever super-histórias... e depois de todo silêncio que a DC fez sobre a saída repentina do diretor de Superman - O Filme das HQs... a editora se viu com o problema de manter o gás com o homem-de-aço. Geoff Johns, que co-escrevia com Donner, manteve-se firme. James Robinson, um escritor sumido, resolveu voltar.
A última história de Johns virou manchete internacional. Fora a grande virada que acontece em Action Comics #870, a edição representa uma seqüência de boas histórias com o personagem, auxiliadas pelos desenhos de Gary Frank. Um crítico já comentou que a nova fase do Superman lembra muito as boas fases do Homem-Aranha – histórias básicas, com bons conflitos emocionais e um cast divertido de coadjuvantes.
Já a série de Robinson, Superman, ainda não convence. Robinson, aliás, é o cara que marcou os anos 90 por trabalhos como Starman – que está sendo reeditado lá fora e deve ser reeditado por aqui -, mas tem deixado a desejar no seu retorno. Sua primeira história consiste em uma longa seqüência de batalha que dura QUATRO edições. Isso mesmo, quatro edições de Superman lutando contra Atlas nas ruas de Metrópolis. Cada edição tenta ser diferente, com a batalha vista de perspectivas diferentes, mas o único resultado foi uma narrativa muito lenta.
Superman realmente tem pouco apelo entre os leitores atuais. É um herói da velhíssima guarda – aliás, o mais velha guarda de todos. Difícil mantê-lo funcionando aos 70 anos (e seu último filme só reforçou isso). Suas séries trazem uma ou outra história decente, muito de vez em quando – que parecem porcarias perto de um projeto comoGrandes Astros: Superman, uma visão histórica e apaixonada do herói, sem os limites de uma série mensal ou da continuidade.
O problema parece bem colocado: manter duas histórias mensais interessantes do Superman é impossível. Entregar o personagem a bons autores, vez por outra, para fazer uma obra-prima realmente gera obras-primas. Por que então insistir, aos 70 anos, que o personagem renda uma boa leitura todo mês?
ULTIMATE ORIGINS #5 (de 5) / ULTIMATES 3 #5 (de 5)
A Marvel começou a campanha de divulgação de Ultimatum, seu plano desesperado de resgate da linha Ultimate. E ela está precisando muito de um empurrão.
Ultimate Spider-Man e Ultimate X-Men nasceram com sucesso em 2000, com bons desenhistas eBrian Bendis e Mark Millar – sem um pingo do renome de hoje em dia – no comando. Ultimate Fantastic Four, unindo os dois escritores, repetiu o sucesso. De Ultimates, nem se fala.
Nos quatro anos que Millar e Bryan Hitch levaram para fazer dois volumes de Ultimates não se falava em crise na linha, por motivos óbvios. Foi só a série acabar para a Marvel perceber que só o Aranha de Bendis ainda valia a pena – o resto da linha havia afundado por falta de bons criadores. As vendas estão lá embaixo.
Ultimatum, uma minissérie por Jeph Loeb e David Finch, é esta prometida renovada da linha Ultimate, que vai revirar as séries e a cronologia desteuniverso diferenciado. Seus passos iniciais foram dados em duas minisséries: Ultimate Origins, por Bendis e Jackson Guice, e Ultimates 3, por Joe Madureira, que acabam de ser concluídas nos EUA.
Se são mesmo um indicativo do que está por vir, não temos muita esperança. Esperava-se muito deUltimate Origins, que conta a "história secreta" do universo Ultimate, nas mãos de um cara imaginativo como Bendis. As revelações, porém, não vão muito além do esperado e a mini acaba ficando sem propósito.
Mas o pior caso é mesmo o de Ultimates 3, que repete ponto a ponto os problemas que afligiam as HQs de super-heróis nos anos 90 – desenhos "bombados" que não contam a história. É um período negro da história dos quadrinhos que se imaginava morto e enterrado.
O medo é que Loeb continue na linha apósUltimatum – já apostando nesta mini como leitura dispensável. Mark Millar foi chamado como reforço para levantar o astral com Ultimate Avengers (o nome já é indicativo de que Loeb enterrou para sempre os Ultimates). Agora falta a Marvel dizer que vai continuar investindo em bons criadores.
THE WALKING DEAD #53
Não sou o primeiro a falar que The Walking Dead devia ser um seriado de TV – e, aliás, já falei isso outras vezes na coluna. É uma série que tem tudo para agradar aos fãs de Lost, incluindo os mistérios, os personagens interessantes e aquele suspense desesperador no final de cada episódio.
Acima de tudo, The Walking Dead tem a capacidade de pegar você de surpresa. O escritor Robert Kirkman pode matar um personagem querido do público sem qualquer tipo de aviso, o que fez várias vezes – deixando a gente em dúvida se os "mortos ambulantes" do título são os zumbis ou os humanos sobreviventes.
O que aconteceu nas últimas edições foi mais "puxada de tapete" do que nunca: 90% do cast morto, repentinamente, sem poupar mulheres ou crianças.
Por mais que isso dê um tom de nova fase, a série continua a mesma. Ou talvez mais interessante, pois a impressão é que qualquer coisa pode acontecer. Até os roteiros parecem ter melhorado. A edição 51 – que, sem entregar muito, envolve um telefone que possibilita o contato de Rick e seu filho com o resto do mundo – está entre os melhores roteiros do ano, sendo o tipo de história "psicológica" que você espera de um episódio de Sopranos.
O futuro aponta para uma resposta para o que aconteceu à praga zumbi, e mais mudanças de cast e de cenário. A série, enfim, nunca pára. Ao contrário do que a gente sente lendo-a nas edições brasileiras – Os Mortos-Vivos, pela editora HQManiacs -, com longos intervalos entre cada uma. É uma das melhores HQs saindo no mundo atual (é bem-vendida, aliás, na França, terra das HQs), e merecia um tratamento melhor por aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário